quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Impressao Digital

A partir da metade do século XIX, técnicas alternativas de identificação pessoal foram ganhando espaço entre os investigadores criminais. Entre elas, uma ficaria para a história: a impressão digital.
A marca das mãos e dos dedos já eram utilizadas como uma espécie de assinatura principalmente nas colônias do então vasto Império britânico. Em 1858, o administrador inglês William Herschel fazia com que seus empregados locais "assinassem" contratos com a marca de suas mãos molhadas em tinta. Em 1877, o microscopista americano Thomas Taylor, que trabalhava no departamento de agricultura dos Estados Unidos, sugeriu, pela primeira vez, que os traços das mãos fossem utilizados para identificar criminosos. Sua idéia foi publicada no American Journal of Microscopy and Popular Science, mas não obteve grande repercussão. Foi apenas em 1880 que o médico britânico Henry Faulds apresentou oficialmente um método de identificar as pessoas por meio das marcas existentes nos dedos. Publicada na revista científica inglesa Nature, o estudo de Faulds é considerado o marco inicial da técnica de datiloscopia.

Radicado no Japão, Faulds começou a se interessar pelas impressões digitais por acaso. Observando cerâmicas antigas em um museu de Tóquio, ele percebeu marcas de dedos que ficaram impressas na superfície do pote durante milhares de anos. Comparando com as marcas deixadas pelos seus próprios dedos, Faulds percebeu que elas eram diferentes. Parecidas no conjunto, mas muito particulares nos detalhes. Enviou então suas conclusões ao famoso biólogo britânico Charles Darwin. Já velhinho e doente, o pai da teoria da evolução das espécies enviou a pesquisa de Faulds para seu primo, o também cientista Francis Galton. Foi ele quem tornou a análise das impressões uma ciência, desde que percebeu que o padrão das digitais de uma pessoa se mantinha inalterado durante toda a vida. Além disso, Galton classificou as linhas das pontas dos dedos em três tipos básicos: arcos, laços e espirais, num sistema cujos princípios perduram até hoje. Mas o mais importante das pesquisas de Galton foi a conclusão de que os traços das impressões digitais possuíam características únicas em cada indivíduo, as chamadas minúcias, que jamais se repetiam em outra pessoa.

Faltava só definir quantas dessas minúcias seriam suficientes para identificar uma digital. Em 1911, o advogado criminalista francês Edmond Locard propôs que 12 minúcias coincidentes bastavam. Hoje, cada país adota um número diferente de pontos para a identificação positiva.

Mas a maior contribuição das impressões digitais para as investigações criminais sãos as marcas dos dedos são deixadas pelos criminosos descuidados no local do crime. Ou seja, passou a ser possível identificar o criminoso mesmo antes de ele ser preso: a impressão digital é a assinatura do criminoso.

Essa realmente era uma novidade, tanto que, em 1901, o pesquisador inglês Edward Henry criou o departamento de identificação por impressão digital da Scotland Yard, a polícia inglesa que ficou famosa, entre outras coisas, por contar com os préstimos do fictício Sherlock Holmes, personagem de Arthur Conan Doyle que, não por acaso, andava para cima e para baixo com uma lente de aumento. Foi a primeira iniciativa de se fazer um banco de dados com as impressões digitais de criminosos para serem comparadas com as marcas deixadas nos locais de crimes. Os investigadores da Scotland Yard perceberam que era inevitável que os criminosos deixassem suas marcas. A gordura natural da pele humana faz com que o mais breve contato com uma superfície lisa deixe sua marca.

Em mais de um século de uso, o método obteve sucessos históricos, mas também cometeu erros grotescos. Desde a descoberta, evoluiu muito e, hoje, diversas polícias no mundo usam um Sistema Automatizado Integrado de Identificação de Impressão Digital (IAFIS, sigla em inglês). Nos Estados Unidos, o FBI tem um banco digital com mais de 46 milhões de impressões digitais de pessoas que cometeram crimes. Em agosto do ano passado, o governo brasileiro pôs em funcionamento a versão nacional do IAFIS. Nele estão sendo cadastrados as impressões digitais de pessoas com ficha criminal e o sistema está interligando as superintendências da Polícia Federal em todos os Estados, criando um banco de dados único, que torna possível a busca online de suspeitos



Fonte: Revista Aventuras na História - Edição 21 - Editora Abril

Nenhum comentário: