Outubro de 1959 a Setembro de 1963.
Foi um dos mais violentos seriados de TV de todos os tempos. Visto pelos padrões de hoje não seria tão mau, mas na época foi violento o bastante para fazer surgirem protestos de pais e mães "preocupados".
Os Intocáveis foi estrelado por Robert Stack como o agente Eliot Ness, personagem inspirado na vida real do policial que atuava na Chicago nos anos 30, para coibir o poderio da máfia e fazer valer a lei seca.
A história era centrada na tentativa de Eliot Ness de estourar o sindicato de Al Capone em Chicago, Van Johnson, astro honorário da MGM, estava escalado para interpretar Eliot Ness, mas desistiu no fim de semana anterior às filmagens por não concordar com a quantia que lhe pagariam. Robert Stack foi recrutado às pressas, num bar. À tarde já estava experimentando os figurinos e na manhã de segunda as filmagens começavam.
O programa-piloto em duas partes foi um retumbante sucesso de crítica e de audiência, tanto que mais tarde foi lançado também no cinema. ACBS fez um lance para comprar os direitos da série, mas quem acabou vencendo a disputa foi a ABC, que passou a exibir "Os Intocáveis" semanalmente a partir do outono de 1959.
O seriado era tão brutal e sangrento quanto o piloto, e a rede exigia que cada episódio fosse repleto de ação. Os índices de audiência não foram espetaculares durante as primeiras semanas,mas na segunda temporada "Os Intocáveis" já estava solidamente posicionado entre os dez mais assistidos. O diretor do seriado Walter Grauman resumiu bem o conceito do programa: "É uma ficção dramática com autenticidade de documentário". Embora tivesse começado com um roteiro que tratava de forma semi-documental as decorrências dos loucos anos 20, a série logo deslocou-se para o terreno da ficção em suas histórias posteriores. " A gente não se dá conta de como são terrívelmente rígidos os documentários, isso fora o fato de talvez estar difamando alguém a cada 37 segundos da história "- comentou em 1960 o astro Robert Stack. "Se nós nos limitarmos à factualidade, podemos passar logo aos noticiários cinematográficos que não fará muita diferença". O Eliot Ness da vida real deu ordem de dispersar a seus agentes em 1932, mas no seriado eles entraram pela década de 40.
Alguns grupos da colônia ítalo-americana protestaram contra o que consideraram uma representação pouco lisonjeira de sua gente sempre como tipos mafiosos. "Alguns episódios faziam chover processos em cima de nós".
Não por acaso - o primeiro processo contra o programa partiu da viúva ofendida de Al Capone. Inconformada com a maneira com que o falecido marido foi transformado num vilão em fuga nos episódios da série,ela exigiu um milhão de dólares pelo uso impróprio da imagem .
O FBI também irritou-se. Afinal, na vida real eles eram quem realmente tinha de perseguir e prender todos aqueles nomes famosos que Eliot Ness supostamente enquadrava na TV semanalmente, e queriam o crédito por isto. E finalmente, o Departamento de Prisões também ofendeu-se: afirmou que como foi mostrado na série, o tratamento que deram a Al Capone pareceu suave
Desi Arnaz,cuja produtora, Desilu (combinando seu nome com o de Lucille Ball) era responsável pela série, a ABC e a Liga Americana Anti-Difamação resolveram a situação através de um acordo que bania os sobrenomes italianos dos criminosos de ficção. O papel de Nick Rossi, um dos homens de Eliot Ness, seria reforçado, para mostrar "a extraordinária influência" que os ítalo-americanos teriam no combate ao crime, e enfatizar sua "grande contribuição" à cultura americana. Enquanto muitos ítalo-americanos ficavam ofendidos com as histórias de "Os Intocáveis", a maioria dos legítimos representantes do submundo adorava a série.
O produtores relatavam que os telefonemas de mafiosos da vida real, ainda que de pouca influência, eram frequentes, em geral, para sugerir histórias centradas neles mesmos e nos crimes que haviam cometido. Mesmo os atores eram por vezes abordados na rua por tipos mal-encarados que insinuavam que poderiam render bons vilões para a série, e em seguida sacavam do bolso fotos em que apareciam na companhia de famigerados criminosos na cadeia. Lá pela quarta temporada, o seriado, por todas as suas controvérsias, tornou-se uma pedra no sapato da emissora.
Os índices de audiência também tinham baixado, a violência fora amenizada para tentar dar à série um lado mais suave e tornar Eliot Ness mais humano.
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