O anônimo agricultor da província de Shaanxi, na região central da China, que escavava um poço no dia 11 de julho de 1975, levou o maior susto de sua vida ao dar com a entrada de uma fossa que servia de abrigo a um misterioso tesouro. Eram estátuas de cerâmica, milhares delas, esculpidas meticulosamente na forma de soldados. Uma descoberta extraordinária, que o aldeão não conseguiu entender de imediato.
Quando o governo chinês anunciou esse achado, preferiu não divulgar o nome do lavrador responsável por ele. Mas revelou ao mundo que as esculturas reproduziam o exército dos Guerreiros de Xian, do primeiro imperador Qin Shi Huang, que unificou o país no ano 221 antes de Cristo. A coleção impressiona pelo preciosismo de sua manufatura, são mais de 8 mil peças, com cerca de um terço do tamanho de um homem, exibindo indumentárias de soldados de diversas patentes e expressões faciais individualizadas. Todas moldadas em terracota, a argila local cozida no forno.
Os arqueólogos revelariam quatro covas ao longo de dois anos, sendo que uma delas estava vazia. Apesar dos saques, que haviam levado todas as armas, e de um incêndio criminoso provocado pelo general Xiang Yu, cinco anos após a morte do imperador Qin, as relíquias estavam praticamente intactas. A primeira trincheira representa a armada principal do imperador, e ocupa uma área de 14 260 metros quadrados. Nela estão 6 mil guerreiros e cavalos em formação de batalha
. O exército está distribuído entre guardas (enfileirados em cada parede do recinto), 38 esquadrões de soldados equipados com um carro de batalha, e 200 soldados da unidade de vanguarda, colocados na extremidade oriental do fosso. A segunda, com 6 mil metros quadrados, é formada por mil guerreiros e 500 cavalos da guarda militar. Já a terceira, com 520 metros quadrados e 68 peças, contém a unidade de comando, com oficiais de alto nível e quatro carros de batalhas.
Os exércitos estão posicionados a 1 500 metros a leste do mausoléu do imperador Qin, e estima-se que foram necessários cerca de 700 mil homens em 38 anos de trabalho para concluí-lo. O complexo funerário se estende por uma área de 11 quilômetros, sendo que a tumba propriamente dita está no interior de uma pirâmide com 75 metros de altura. Apesar da riqueza contida no túmulo do imperador, já que uma análise magnética revelou a presença de muitas moedas, ele ainda não foi aberto. O motivo: os arqueólogos temem que a erosão provocada pelas chuvas possa danificá-lo irreversivelmente.
Qin Shi Huang, mais conhecido como Primeiro Imperador, começou sua história política como rei do estado chinês de Qin, entre 247 a.C. e 221 a.C. Seu grande mérito foi ter unificado sob seu comando os oitos estados feudais, que naquela época viviam em constantes guerras. Qin centralizou todo o poder, unificando pesos e medidas, além da moeda, do sistema legal e a escrita.
Foi ele também quem iniciou a construção da Grande Muralha, para conter os sistemáticos assaltos de tribos nômades do norte.
Qin Shihuang e outros monarcas da época tinham o costume de cercar seus túmulos de soldados, criados, concubinas e outros personagens de terracota, transformados em seu séquito na vida além da morte.
Antes de criar este costume, os monarcas chineses enterravam pessoas vivas junto a seus mausoléus.
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