quinta-feira, 1 de março de 2012

A Linguagem como Simbolismo





(Salvador/Bahia) by lidia

Dentre todas as formas de simbolismo, é a linguagem a mais altamente desenvolvida, a mais sutil e a mais complicada. Já o dissemos que, mediante acordo, os seres humanos
podem fazer com que qualquer coisa represente qualquer coisa. Assim , pois, no decorrer de séculos de mútua dependência , eles ficam acordes , em permitir que vários ruídos feitos sistematicamente com seus pulmões , gargantas, dentes e lábios, representem acontecimentos especificados de seus sistemas nervosos. Esse sistema denomina-se linguagem.
Por exemplo , nós, que falamos português , fomos a tal modos treinados que, ao registrar em nosso sistema nervoso a presença de uma certa espécie animal, fazemos o seguinte ruído! "E um gato". Quem nos ouve (e se olhar na mesma direção), experimentará um acontecimento semelhante em seu sistema nervoso - acontecimento que o levará a fazer um ruído quase idêntico. Estamos de tal modo treinados que, ao tomar consciência de querer comida , fazemos ruído "Estou com fome".
Não há, como já dissemos, nenhuma necessária conexão entre o símbolo e aquilo que é simbolizado. Assim como as pessoas , podem usar trajes de iatismo sem nunca terem visto um iate, assim também podem fazer o ruído "Tenho fome" ,sem que efetivamente a tenham. Além disso, assim como a posição social pode ser simbolizada por plumas na cabeça , por tatuagens no peito, por berloques de ouro na corrente do relógio ou por um milhar de diferentes dispositivos segundo a cultura na qual se vive, assim também na sensação de fome pode ser simbolizada por um milhar de ruídos diferentes, segundo a cultura na qual se vive , por exemplo . J'ai faim ou Es bungert micho ,ou Ho appetito ou Hara da betta e assim por diante.
Por óbvios que estes fatos possam á primeira vista parecer , na realidade não são tão óbvias assim ,exceto quando nos entregamos ao especial e penoso esforço de pensar no assunto. Símbolos e coisas simbolizadas são independentes entre si; não obstante isso, temos um modo de sentir como se (e , ás vezes de agir como se) entre eles houvesse uma conexão necessária .
Por exemplo , temos o vago sentimento de que todas as línguas estrangeiras são inerentementes absurdas . Os estrangeiros têm nomes tão engraçados para designar as coisas .... Por que não poderão chamá-las pelos devidos nomes ?
Este sentimento é mais fortemente perceptível naqueles turistas ingleses e americanos que julgam poder levar os nativos de qualquer país a entender inglês , se apenas gritarem suficientemente alto...A exemplo do menininho que,, segundo consta , disse que "Os porcos são porcos porque são sujos", tais turistas sentem que o símbolo é inerente á coisa simbolizada. Ainda há pessoas que sentem serem as cobras "bichos nojentos e viscosos" (incidentalmente , as cobras não são viscosas) e que, por conseguinte, a palavra "cobra" é igualmente uma palavra "nojenta e viscosa".


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