quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Jogo de dados

São os Dados talvez um dos instrumentos de jogos mais comuns na atualidade. Um sem número de jogos, sejam modernos ou antigos, utiliza-se de algum tipo de dado para a seqüência do jogo. E mesmo o xadrez, talvez o jogo mais "cerebral" que existe, onde o fator "sorte" é inexistente, no seu início tinha uma versão jogado com dados.
Os dados são talvez a forma mais antiga de se "tirar a sorte". Sua origem é antiqüíssima, confundindo-se com a origem das artes divinatórias. Objetos mágicos e lúdicos, os primeiros "dados" pouco se pareciam com os dados atuais.
Normalmente eram dados binários, isto é, de dois lados, que davam, obviamente, somente um de dois resultados possíveis, como uma moeda no jogo de "cara ou coroa", eram utilizadas conchas, pedaços de madeira, ossos, varetas, pedras, chifres, dentes, marfim, argila, porcelana, cristal, mármore enfim, qualquer material e meio que pudesse diferenciar um lado de outro.
Egípcios, astecas,hindus e esquimós conheciam os dados, jogados de diferentes formas, com diversas marcações. O Rig Veda, o mais antigo dos livros sagrados da Índia, faz menção aos "funestos efeitos do gosto imoderado pelos jogos de dados"... Antes mesmo de serem "fabricados", os antigos utilizavam-se de certos ossos de animais - o "ASTRÁGALO" - ossos esses de forma quase cúbica, para jogos e adivinhações. Como esses ossos são irregulares, costuma-se marcar os valores maiores nas faces que tem menos probabilidade de ficar para cima... Uma lenda afirma que os dados como hoje os conhecemos, seriam invenção do grego Palamedes, que os inventou durante o cerco a cidade de Tróia, juntamente com um jogo de tabuleiro, que seria antepassado do xadrez e outros jogos.
Na Odisséia de Homero, existe uma passagem em que os pretendentes a mão de Penélope, jogam dados sobre um couro de boi, em frente ao Palácio Real de Ítaca, morada da rainha. Plutarco historiador e filósofo grego conta, em sua obra "Vidas paralelas", que os deuses desciam do Olimpo, exclusivamente para jogar dados com os guardiões dos templos.
Segundo Santo Ambrósio, os hunos apostavam até seus braços e pernas, que deixavam cortar sem reação, quando perdiam. Em casos extremos, apostavam a própria vida num jogo de dado. E se o vencedor perdoasse o perdedor, este se suicidava, pois estava em jogo não só a própria vida do jogador, mas também a sua honra.
A famosa frase de Julio César, reproduzida acima, na verdade não foi invenção do Imperador: era largamente utilizado quando do jogo de dados! Soldados romanos disputaram as poucas roupas de Cristo num jogo de dados.
Henrique VIII, rei da Inglaterra, perdeu os sinos da Igreja de São Paulo em um jogo de dados.
Um soberano da Índia perdeu a mulher e seu império...
A palavra "azar" vem do árabe "az-zahar ou az-zahr", que significa "jogo de dados". Quando das cruzadas, foi trazida para o ocidente pelos guerreiros franceses, acabando por desvirtuar-se, e tomando o sentido que tem hoje, ou seja, "má sorte; fortuna adversa; caiporismo; revés; fatalidade; desgraça; infortúnio; casualidade; acaso" (dicionário Aurélio).
Conta-se que durante os cercos impostos pelos cruzados cristãos contra a cidade de Homs , no ano de 1138, os líderes cruzados Jocelin de Edessa e Raymond de Antioquia divertiam-se, jogando intermináveis partidas de dados. No início da Idade Média, a Igreja proibiu os dados aos eclesiásticos, sendo que Carlos Magno estendeu a proibição a todos os povos do Império. O jogo era comparável ao alcoolismo e passível de excomunhão. O abade de Boismont, durante uma partida, afirmou que se não ganhasse, revelaria o segredo da Igreja. Tendo perdido, olhou gravemente para seus adversários e sentenciou: "O purgatório não existe"... Os dados mais comuns, são aqueles de forma cúbica, com seis lados, o "D6". Normalmente, cada lado é numerado de um a seis. Os números são marcados de forma que a soma das faces opostas seja sempre "7". Assim, oposto ao "1", temos o "6", e assim por diante. Em geral são lançados com a mão, mas não é incomum o uso de "copos" para facilitar o lançamento.
Existem ainda dados em que cada face do cubo é marcada com um "ás", um "rei", uma "dama", um "valete", dez e nove, como se fosse num jogo de cartas de baralho. É usado para jogos de pôquer com dados.
Mas além dos dados cúbicos, existem outros com 12, 14 (usados pelos soldados romanos, feitos de chumbo) e 20 lados. Para os jogos de "RPG", bem como para outros jogos modernos, até mesmo um dado de 100 faces foi inventado. Outro tipo de dado, marca em suas faces coroas e âncoras, além dos tradicionais naipes de um jogo de cartas, isto é, copas, ouros, espadas e paus. É utilizado para um jogo de azar, obviamente chamado de "Coroa e Âncora", onde as apostas são feitas sobre que figura vai aparecer, quantas vezes e etc...
O jogo teria sido popular entre os ingleses e seus descendentes, especialmente nas colonias - EUA e Austrália - onde grandes fortunas foram ganhas e perdidas sobre o tabuleiro. Neste tabuleiro, são feitas as apostas, lembrando vagamente as apostas feitas num jogo de roleta: o apostador pode escolher apenas uma figura, ou várias delas, dependendo o ganho ou perda, da combinação conseguida. É um jogo rápido e ágil.
O tabuleiro que foi encontrado na tumba de Tutankamon, tinha dados na forma de dedos humanos, inclusive com unhas pintadas...
Os dados piramidais , são do Jogo Real de Ur.São considerados os dados mais antigos que existem, encontrados por Sir Leonard Woolley, em 1920, em túmulos reais da antiga Ur na Caldéia. Os dados descobertos encontram-se hoje no Museu Britânico.
Deve ser lembrado também o "dado de apostas", ou "dadão", usado habitualmente nos torneios de gamão. É um cubo, com suas faces marcadas com os números 2, 4, 8, 16, 32 e 64. Mas este dado não é lançado: serve para anotar-se o números de pontos que cada partida está valendo. Existem ainda jogos para 2 dados, para 3 dados, 4 dados, 5 dados e 6 dados.

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