domingo, 7 de junho de 2009

Avatar

Um poema de Olavo Bilac

Numa vida anterior, fui um "xeque" macilento
E pobre... Eu galopava, o albornoz solto ao vento.
Na soalheira candente; e, herói da vida obscura,
Possuía tudo: o espaço, um cavalo e a bravura.

Entre o deserto hostil e o ingrato firmamanto,
Sem abrigo, sem paz no coração violento.
Eu namorava, em minha altiva desventura,
As areias na terra e as estrelas na altura.

Às vezes, triste e só, cheio do meu desgosto,
Eu castigava a mão contra o meu próprio rosto,
E contra a minha sombra erguia a lança em riste...

Mas o sim um do orgulho esfumava o meu peito;
E eu galopava, livre, e voava, satisfeito
Da força de ser só, da glória de ser triste!

Nenhum comentário: