domingo, 24 de outubro de 2010

Mitologia Laocoonte



Trecho do trabalho feito por minha filha :Francine Fontainha


Laocoonte, sacerdote troiano de Apolo, foi castigado por sua desobediência quando quis revelar aos troianos a artimanha do cavalo. Quando da partida simulada dos gregos, durante um sacrifício do deus do mar, Posídon, que ele realizava na praia junto com os seus dois filhos, os deuses enviaram duas cobras, Pórcia e Caribéia, sobre os três. O grupo de mármore que representa Laocoonte com seus filhos, uma das esculturas mais famosas da Antiguidade, data de cerca de 140 a.C.

A manifestação da dor, embora dilacerante pelas picadas atrozes que sofria, aparecesuavizada na face do Laocoonte. Esse comedimento, deve-se exatamente, aos limites da escultura, impostos por essa arte. Por isso, percebemos que mesmo em meio a tanto sofrimento, a face do supliciado não se mostra horrenda, deformada ou contorcida. O que percebemos é uma grande expressão de dor em sua face, ensejando murmúrios de sofrimento, já que sua boca não se encontra aberta o suficiente para bradar um grito de desespero. Seu sofrimento enseja compaixão. É um sofrimento silencioso e silenciado, próprio dos grandes heróis.

Ao analisarmos o mesmo sofrimento descrito na poesia, percebemos fronteiras diversas e alargadas. A narrativa do mesmo fato observado nos oferece mais detalhes, bem como delineia o sofrimento com tintas mais fortes, tal como podemos observar na Eneida de Virgílio:

“Troa o mar bravo e espumoso; já, já se aproximam da praia;

de fogo e sangue injetados os olhos medonhos, a língua

silva e sibila na goela disforme, a lamber-lhe os contornos.

Diante de tal espetáculo fugimos, de medo; os dois monstros,

por próprio impulso a Laocoonte se atiram. Primeiro os corpinhos

dos dois meninos enredam no abraço das rodas gigantes

e os tenros membros retalham com suas dentadas sinistras.

Logo, a ele investem, no ponto em que, armado de frechas, corria

no auxílio de ambos; nas dobras enormes o apertam; e havendo

por duas vezes o corpo cingido, o pescoço outras duas,

muito por cima as cabeças lhes sobram, os colos altivos.

tenta Laocoonte os fatídicos nós desmanchar, sem proveito,

sangue a escorrer e veneno anegrado das vendas da fronte,

ao mesmo tempo que aos astros atira clamores horrendos (...)”

(Grifo meu)

Os versos de Virgílio nos demonstram o grande sofrimento de Laocoonte, bem como nos comunicam sobre os seus clamores horrendos. Tais clamores não seriam possíveis de serem expressos na escultura sem que a boca do Laocoonte estivesse completamente aberta, de modo a pronunciá-los em alto e bom som. Esse fato, segundo Lessing, deve-se às características próprias da poesia e da liberdade ofertada ao poeta:

nada constrange o poeta a concentrar a sua pintura num movimento único. Se ele quiser ele toma cada uma das suas ações desde o início e a conduz através de todas as modificações possíveis até o seu remate. Cada uma dessas modificações, que custariam ao artista toda uma peça particular, custa-lhe um único traço.” (LESSING, 1988 : 105)

O retrato do mesmo, segundo os versos, exprime grande dor e suplício, talvez maiores dos que os observados na escultura, exatamente pela maior riqueza de detalhes oferecidas pelo poeta. Fato inverso ocorre na escultura, já que o artista deve, ao contrário do poeta que descreve todas as ações desde o início até o remate, captar um único movimento, um único instante que comunique toda a mensagem contida na ação, todo o enredo da história representada.

Vejamos agora a representação do Grupo do Laocoonte, cuja escultura está nos Museus do Vaticano:




imagens:recantodalidia

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