segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Presente na Memória (as missões)

Sepé Tiaraju (lider indígena)

Roberto Antonio Liebgott
Cimi Sul-Equipe POA

Nestes últimos anos, o Povo Guarani e os movimentos sociais, populares, urbanos e rurais, estão celebrando o martírio do líder indígena Sepé Tiaraju e dos 1500 guerreiros que tombaram na luta pela defesa de suas terras contra os impérios de Portugal e Espanha.
Depois de dois séculos e meio o Povo Guarani e os demais povos indígenas permanecem em luta pela terra; depois de dois séculos e meio a concentração de terra se ampliou e milhões de famílias não têm terra para viver; depois de dois séculos e meio, milhões de famílias brasileiras vivem em situação de fome e miséria; depois de dois séculos e meio mudaram os exploradores, mas os explorados continuam sendo os pobres, os negros, os povos indígenas. Neste contexto de memória do martírio de Sepé Tiaraju, celebraremos a vida, a resistência e a luta por um novo País, por um novo mundo, por justiça, respeito e dignidade.
Sepé Tiaraju, mártir da terra, assassinado em 7 de fevereiro de 1756, vive intensamente na memória dos líderes Guarani de hoje, de modo especial, na memória dos mais velhos, na memória dos Karaí. Sepé Tiaraju continua presente de maneira simbólica nos corações dos lutadores do povo, na resistência histórica de todos aqueles que sonham em construir uma terra sem mal.
Sepé Tiaraju é herói e santo para alguns, é mártir e líder para outros, mas acima de tudo é símbolo de resistência e coragem para todos que buscam uma sociedade sem exclusão. Uma sociedade estruturada para todas as pessoas, para todos os povos e para todas as culturas.

Um Pouco de História

No Brasil, e em toda a América, antes da chegada dos invasores europeus, viviam apenas os povos indígenas. Eram compostos por milhões de pessoas que construíam cotidianamente suas histórias. Cada povo possuía seu território, sua cultura, língua, organização social, política, econômica, religiosa e saberes milenares.
Em 1492, Cristóvão Colombo, um navegador espanhol que procurava riquezas pelo mundo afora, chegou às terras que depois chamaram de América, onde encontraram povos que há milhares de anos ali habitavam. Naquele momento começou a dizimação indígena. Depois de Colombo vieram os exércitos para exterminar sociedades inteiras com o propósito de saquear as riquezas, de modo especial o ouro, a prata, a madeira e os diamantes.
Os livros de história contam que no ano de 1500, Pedro Álvares Cabral, navegador português que pretendia ir até a Índia, um país da Ásia, errou o caminho e chegou ao que passaram a chamar de Brasil. Esse nome foi dado em função de uma madeira que eles encontraram e da qual extraiam uma tinta de cor vermelha como brasa. Chamaram essa madeira de pau-brasil. Os povos com os quais se depararam chamaram de índios, porque eles imaginavam que haviam chegado à Índia. Depois de Cabral vieram os soldados de Portugal para dominar as terras e escravizar e destruir os povos que aqui viviam.
Após os soldados, vieram os colonizadores, que trouxeram os negros dos países da África e os transformaram em escravos. E vieram os missionários que trouxeram um novo Deus. Os soldados eram para defender o que Portugal havia roubado, os colonos para ocupar as terras, os negros para trabalhar na roça, e os missionários para catequizar e transformar a todos em cristãos do Deus ocidental. A destruição foi sendo cada vez mais brutal. Milhões de pessoas foram mortas, povos inteiros foram exterminados e todas as terras loteadas. Foram muitos anos de devastação.
Sobre a vida dos Povos Indígenas e a escravidão dos Povos Africanos é que foi construído o Brasil de hoje.

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