segunda-feira, 22 de junho de 2009

Educacao Gabi em acao

(imagem:recantodalidia)

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
GABRIELLE PEREIRA FONTAINHA DE CARVALHO

FICHAMENTO
PESQUISA NA ESCOLA - O QUE É, COMO SE FAZ.

Três Rios - RJ
2009
GABRIELLE PEREIRA FONTAINHA DE CARVALHO

FICHAMENTO
PESQUISA NA ESCOLA - O QUE É, COMO SE FAZ.

Fichamento apresentada ao Curso de especialização, em Pós-Graduação Lato Sensu em Administração, Orientação e Supervisão na Educação Básica, da Universidade Castelo Branco,

Orientadora: Luciane Aparecida de Souza

Três Rios - RJ
2009
ASSUNTO:

“Este livro se divide em duas partes. A primeira, mais longa trata da pesquisa na escola em geral, e quer dar algumas sugestões pra transformar a atividade de pesquisa numa verdadeira fonte de aquisição do conhecimento. A segunda é uma tentativa de introduzir a atividade de pesquisa também naquela disciplina que, ao lado da matemática, é considerada a mais importante: língua portuguesa”.

NOTA BIBLIOGRÁFICA: BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola – o que é, como se faz. Edições Loyola, p.7. 1998.

ASSUNTO:

“(...) As habilidades de raciocínio, de observação, de formulação e testagem de hipóteses – em uma palavra, de independência de pensamento – são um pré-requisito à formação de indivíduos capazes de aprender por si mesmos, criticar o que aprendem e criar conhecimento novo”.
“Se há algo que nossos alunos em geral não desenvolvem durante a sua vida escolar é exatamente a independência de pensamento”.
“O estudante brasileiro (e, muitas vezes, também o professor) é tipicamente dependente, submisso à autoridade acadêmica, convencido de que a verdade se encontra, pronta e acabada, nos livros e na cabeça das sumidades. Daí, a perniciosa idéia de que a educação é antes de tudo transmissão de conhecimento – quando deveria ser em primeiro lugar procura de conhecimento e desenvolvimento de habilidades”.

NOTA BIBLIOGRÁFICA: PERINI, Mário. Gramática descritiva do Português. São Paulo, Ática, p. 31.1996.



ASSUNTO: Cansei de me indignar!

“Sim, cansei-me de ver Júlia, minha filha mais velha, ficar em pânico ao chegar em casa dizendo que tem um “trabalho de pesquisa” para fazer. Geralmente, é um trabalho em grupo, e quando ela e os colegas se reúnem para fazê-lo, fico indignado com a atitude de um professor que não sente a menor piedade dos alunos e os submete a um estresse emocional injusto e desnecessário”.
“Quando pergunto à Júlia e aos colegas qual foi realmente o “comando” da professora, eles me mostram o caderno onde está anotado, laconicamente: “Trabalho de Pesquisa. Tema: X. Entregar até dia X”. E nada mais. É ou não é para a gente se indignar”?
“Quem põe seu filho na escola espera que ela cumpra com seu papel mais importante que – ao contrário do que muita gente pensa, professores inclusive - não é apenas “transmitir conteúdos”, mas sim ensinar a aprender”.
“Ensinar a aprender é criar possibilidades para que uma criança chegue sozinha às fontes de conhecimento que estão à sua disposição na sociedade. A vida de hoje é caracterizada por um verdadeiro bombardeio de informações”.
“Tudo isso cria um verdadeiro labirinto onde é muito fácil alguém se perder, a menos que tenha um bom fio de Ariadne para se orientar. E esta é mesmo a palavra-chave: orientação. Se o professor abrir mão de seu papel fundamental de orientador da aprendizagem de seus alunos estará responsabilizando pelo que vier a acontecer com eles ao tentarem atravessar esse labirinto, que na verdade é um grande campo minado”.

NOTA BIBLIOGRÁFICA: BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola – o que é , como se faz. Edições Loyola, p.14. 1998.

ASSUNTO:
“Ensinar a aprender, então, é não apenas mostrar os caminhos, mas também orientar o aluno para que desenvolva um olhar crítico que lhe permita desviar-se das “bombas” e reconhecer, em meio ao labirinto, as trilhas que conduzem às verdadeiras fontes de informação e conhecimento”.
“Infelizmente, a grande maioria de nossos professores de 1° grau não estão muito preparados para assumir essa tarefa de orientadores”.
“Nem mesmo os cursos superiores garantem uma boa visão desses problemas”.
NOTA BIBLIOGRÁFICA: BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola – o que é , como se faz. Edições Loyola, p.15. 1998.

ASSUNTO:

“Afinal, existem muitas coisas que quando não são aprendidas bem cedo, deixam sempre “buracos” na formação de um indivíduo”.
“Quem não aprendeu a pesquisar decentemente no 1° ou no 2° grau vai penar muito quando chegar à universidade ou à vida profissional e se vir obrigado a empreender uma pesquisa! Quod in inventure non discitur, in matura aetate nescitur – “o que não se aprende na juventude na idade madura se ignora”, já dizia o sábio latino Cassiodor, no século V.
“(...) a pesquisa é uma atividade que, embora não pareça, está presente em diversos momentos do quotidiano, além de ser requisisto fundamental num sem-número de profissões”.
NOTA BIBLIOGRÁFICA: BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola – o que é , como se faz. Edições Loyola, p.16. 1998.

ASSUNTO: A palavra pesquisa

“Pesquisa é uma palavra que nos veio do espanhol. Este por sua vez herdou-a do latim. Havia em latim o verbo perquiro, que significava “procurar, buscar com cuidado; procurar por toda parte; informar-se; inquirir; perguntar; indagar bem; aprofundar na busca”.
“Perceba que os significados desse verbo em latim insistem na idéia de uma busca feita com cuidado e profundidade. Nada a ver, portanto, com trabalhos superficiais, feitos só para “dar nota”.
NOTA BIBLIOGRÁFICA: BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola – o que é , como se faz. Edições Loyola, p.17. 1998.


ASSUNTO: Pesquisa no dia-a-dia

“A pesquisa, como já andei insinuando, faz parte do nosso quotidiano”.
“É mesmo difícil imaginar qualquer ação humana que não seja precedida por algum tipo de investigação”.
NOTA BIBLIOGRÁFICA: BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola – o que é , como se faz. Edições Loyola, p.17/18. 1998.

ASSUNTO: A pesquisa a sério
“A pesquisa que nos interessa é a pesquisa científica, isto é: a investigação feira com o objetivo expresso de obter conhecimento específico e estruturado sobre um assunto preciso”.
“A pesquisa é, simplesmente, o fundamento de toda e qualquer ciência digna desse nome”.
NOTA BIBLIOGRÁFICA: BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola – o que é , como se faz. Edições Loyola, p.18. 1998.

ASSUNTO: A importância da pesquisa

“Sem pesquisa não há ciência, muito menos tecnologia. Todas as grandes empresas do mundo de hoje possuem departamentos chamados “Pesquisa e Desenvolvimento” (P & D).
“Os departamentos de P & D estão sempre tentando dar um passo à frente para a obtenção de novos produtos que respondam melhor às exigências cada vez maiores dos consumidores ou, simplesmente, que permitam vencer a concorrência das outras empresas”.
“Uma porcentagem significativa dos lucros dessas empresas é destinada à P & D”.
“Se não houvesse pesquisa, todas as grandes invenções e descobertas científicas não teriam acontecido. A velha história da maçã caindo na cabeça de Newton e fazendo-o “descobrir” a lei da gravidade não passa de conversa para boi dormir. Se a queda da maçã fez Newton pensar na gravidade, é porque ele já vinha ruminando, refletindo, pesquisando acerca do fenômeno”.
“Nas universidades, também, a pesquisa é muito importante”. “(...) a universidade não pode ser apenas um “depósito” do conhecimento acumulado ao longo dos séculos. Ela tem de ser também uma “fábrica” de conhecimento novo. E esse conhecimento novo só se consegue... pesquisando”.
“A importância da pesquisa é reconhecida também pelos órgãos governamentais. No Brasil, por exemplo, em nível nacional, existem entidades como a CAPES e o CNPq que financiam projetos de pesquisa. Em São Paulo temos a FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo). (...) Existem também fundações privadas que apóiam pesquisadores, dando-lhes condições de levar adiante seus projetos”.
“Em resumo, podemos dizer que a pesquisa está presente: no dia-a-dia, nas ações mais corriqueiras; no desenvolvimento da ciência; no avanço tecnológico; no progresso intelectual de um indivíduo”.
“Como é fácil perceber, a pesquisa é, mesmo, uma coisa muito séria. Não podemos tratá-la com indiferença, menosprezo ou pouco caso na escola. Se quisermos que nossos alunos tenham algum sucesso na sua atividade futura – seja ela do tipo que for: científica, artística, comercial, industrial, técnica, religiosa, intelectual... -, é fundamental e indispensável que aprendam a pesquisar. E só aprenderão a pesquisar se os professores souberem ensinar”.
NOTA BIBLIOGRÁFICA: BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola – o que é , como se faz. Edições Loyola, p.19-21.1998.

ASSUNTO: PRIMEIRO PASSO: O PROJETO

“Chegar em sala de aula, escrever na lousa: Trabalho de pesquisa. Tema: X. entregar até dia X” e depois querer receber trabalhos bem-feitos é uma atitude pedagógica completamente autoritária”.
“Para começo de conversa, antes de pedir à classe que faça uma pesquisa, o professor tem que estar plenamente consciente da seriedade que envolve este tipo de trabalho. Precisa também ter bem claro o propósito, o objetivo, a finalidade daquela pesquisa. Pesquisar só por pesquisar? Só porque a Secretaria de Ensino pede? Só porque virou modismo pedagógico? Com licença”...
NOTA BIBLIOGRÁFICA: BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola – o que é , como se faz. Edições Loyola, p. 22.1998.

ASSUNTO: O que é um projeto?

“(...) ninguém pode iniciar uma pesquisa sem antes ter preparado um projeto”.
“Fazer um projeto é lançar idéias para a frente, é prever as etapas do trabalho, é definir aonde se quer chegar com ele – assim, durante o trabalho prático, saberemos como agir, que decisões tomar, qual o próximo passo que teremos de dar na direção do objetivo desejado”.
“Assim, como fazemos pesquisa de modo informal e rudimentar quase a todo momento, também é comum fazermos projetos simples para termos uma idéia, uma previsão do que nos espera pela frente”.
NOTA BIBLIOGRÁFICA: BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola – o que é , como se faz. Edições Loyola, p. 23.1998.

ASSUNTO: Um projeto para ensinar a pesquisar

“É claro que para um trabalho de pesquisa na escola de 1° grau podemos fazer projetos mais simples”.
“(...) antes de pedir a eles que façam por conta própria uma pesquisa, você deve mostrar a eles como se faz este tipo de trabalho. Isso porque você só pode obter um produto depois que tiver conhecimento do processo de produção”.
“(...) o que nos interessa em primeiro lugar aqui são os procedimentos da pesquisa, muito mais do que o tema em si”.
“Aliás, vai aqui uma boa dica: procure descobrir temas que despertem o interesse dos seus alunos. (...) Estimulando a investigação sobre um tema que interesse aos alunos, estaremos contribuindo para despertar neles o gosto pela pesquisa, que deixará de ser uma obrigação aborrecida para se tornar uma atividade prazerosa. Aliás, é difícil encontrar um pesquisador que não goste do seu tema. Ninguém vai querer perder tempo e energia ( e muitas vezes até dinheiro!) pesquisando alguma coisa que não seja de seu interesse”.
“Os itens do projeto (muito simples) que poderíamos elaborar são os seguintes: Título: ...; Objetivo: ...; Justificativa: ...; Metodologia: ...; Produto final: ...; Fontes de consulta: ...; Cronograma: ...”
“Nosso próximo passo será preencher cada um desses itens de acordo com a idéia inicial, que é o tema geral da pesquisa. A montagem do projeto é uma fase importante do trabalho”.
“Está claro que tudo isso leva tempo e exige muita diplomacia e jogo de cintura da parte de todas as pessoas envolvidas. São os “males” da democracia”.
NOTA BIBLIOGRÁFICA: BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola – o que é , como se faz. Edições Loyola, p. 23/26.1998.
ASSUNTO: Discutindo o projeto

“É bom que fique claro, desde já, que não vou apresentar aqui idéias para você cobrar dos seus alunos, mas sim sugestões de procedimentos para mostrar a eles como é que se faz uma pesquisa”.
“As atitudes dogmáticas são o antônimo perfeito de práticas pedagógicas”!
“O professor pode vir com o projeto pronto, mas tem de estar disposto a permitir que ele seja discutido em classe para eventuais modificações: desde que lhe pareçam compatíveis com o tipo de trabalho que se quer fazer”.
“É importante também que o professor explique detalhadamente cada elemento do projeto, que ressalte a importância de organizar as idéias antes de começar a pô-las em prática”.
NOTA BIBLIOGRÁFICA: BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola – o que é , como se faz. Edições Loyola, p. 26/27.1998.

ASSUNTO: O título

“(...) Tudo o que a gente faz precisa ter um nome. Mas nem sempre é definitivo. Se você (ou a turma) não estiver muito inspirado para batizar o trabalho, dê um título provisório”.
NOTA BIBLIOGRÁFICA: BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola – o que é , como se faz. Edições Loyola, p.27.1998.

ASSUNTO: O objetivo

“É o ponto de chegada, a meta final. É a contribuição que o projeto quer dar ao conhecimento daquele tema. Uma pesquisa sem objetivo é uma aberração científica!”
“Faça ver a seus alunos que fazer pesquisa é assumir pelo menos um compromisso: aumentar o conhecimento das pessoas acerca de um determinado assunto. E isso é uma grande responsabilidade!”
NOTA BIBLIOGRÁFICA: BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola – o que é , como se faz. Edições Loyola, p.28.1998.

ASSUNTO: A justificativa

“É a “desculpa” que você dá para fazer aquela pesquisa. Qual a importância daquele tema escolhido? Ele temm relevância para as pessoas envolvidas? Ele pode contribuir de algum modo para o aperfeiçoamento da sociedade em que está inserido?”
“A justificativa é a defesa que você faz de seu projeto. Nela você apresenta argumentos que convençam as pessoas de que aquele trabalho é digno de interesse e de... financiamento!”
NOTA BIBLIOGRÁFICA: BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola – o que é , como se faz. Edições Loyola, p.28-29.1998.

ASSUNTO: A metodologia

“A metodologia, como o nome indica, tem a ver com o modo de obtenção dos dados que sustetarão a pesquisa”.
“Mas nem toda pesquisa se faz com métodos tão simples. (...) É praticamente infinito o número de métodos de pesquisa que existem”.
“É preciso ter um método. Pedir ao aluno um trabalho de pesquisa sem ajudá-lo a definir os melhores métodos para fazê-lo é o mesmo que dar um prato de comida a uma pessoa e obrigá-la a comer com as mãos amarradas para trás. Bem ou mal, ela vai acabar comendo, mas só Deus sabe como! É preciso não só desamarrar as mãos dos nosso alnos, como também mostrar a eles os talheres adequados para aquele tipo de comida! Sopa com faca, nem pensar!”
NOTA BIBLIOGRÁFICA: BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola – o que é , como se faz. Edições Loyola, p.29-30.1998.

ASSUNTO: O produto final
“(...) O professor pede uma pesquisa ao aluno. Ele a faz do jeito que pode e leva-a para o professor. Este passa os olhos pelo trabalho (afinal, para que ler mesmo, não é? Eu já sei essas coisas de cor!), dá uma nota e o devolve ao aluno (quando simplesmente não o joga fora). É ou não é absurdo?”
“Já vimos que fazer uma pesquisa é assumir um compromisso e uma responsabilidade. Todo trabalho tem que ter um produto final. No nosso caso, a pesquisa tem que dar aquela contribuição, de que já falamos, para o aperfeiçoamento intelectual do indivíduo, da turma, da escola, da comunidade”...
“É preciso, então, que tenhamos em mente – e nos projeto – o tipo específico de produto final que desejamos obter com a pesquisa que propusemos aos alunos. E é igualmente preciso que este produto final tenha um destinatário, que não pode ser apenas o professor”.
“Como no nosso caso o produto final desejado é um texto, precisamos saber o que fazer com ele. (...) Um texto é um instrumento poderoso de intervenção na sociedade”.
“Quem escreve precisa estar consciente dessa responsabilidade. Quem escreve depois de uma pesquisa, então, tem mais responsabilidade ainda, pois é egoísmo puro e falta de solidariedade guardar os frutos de seu trabalho só para si ou para um grupo fechado de pessoas. Depois que nosso texto estiver pronto, é imprescindível que ele tenha um destinatário coletivo. Por isso aqui vão duas sugestões: publicar o texto no jornal da escola (...); apresentar o texto na forma de palestra para os demais alunos, professores, funcionários, pais e comunidades em geral”.
“(...) Saber que seu texto não será lido apenas pelo professor ou por um grupo de colegas certamente levará o aluno a querer preparar um texto bem elaborado, bem escrito, agradável de ler, coerente e interessante”.
“A conscientização da responsabilidade representada pela pesquisa e pelo texto (ou outro produto final) tem que ser feita com sutileza, tanto e por meio de sugestões, “toques”, “dicas” e “papos”. Elogios com ressalvas são uma boa tática: “Seu trabalho está muito legal, mas acho que podia ficar ainda melhor se você aqui fizesse tal e tal coisa”.
NOTA BIBLIOGRÁFICA: BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola – o que é , como se faz. Edições Loyola, p.30-34. 1998.
ASSUNTO: Fontes

“As fontes da pesquisa podem ser tão variadas quanto as metodologias. Tudo depende, mais uma vez, do objetivo visado”.
“Indicar as fontes é muito importante. (...) Normalmente, as boas teses, os bons tratados científicos vêm apoiados em extensa bibliografia. (...) significa que o autor, antes de se aventurar a tratar daquele assunto, investigou tudo o que conseguiu para saber em que pé estava o conhecimento de sua área naquele momento”.
(...) sabemos que a grande maioria dos alunos, nos assim chamados “trabalhos” que são feitos por aí, limitam-se simplesmente a copiar a página da enciclopédia onde encontraram o verbete referente ao tema solicitado pelo professor. É ou não é?”
“Se eu peço ao meu pesquisador que indique as fontes (veja bem: as fontes, no plural!) é porque, em caso de alguma dúvida minha a respeito do que ele escreveu, posso consultar aquelas fontes e verificar onde está o problema. Além disso, consultar mais de uma fonte permite que obtenhamos dados e informações diferentes, que enriquecerão o trabalho”.
NOTA BIBLIOGRÁFICA: BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola – o que é, como se faz. Edições Loyola, p.34-35. 1998.

ASSUNTO: Preparando uma bibliografia

“Existem atualmente diversos métodos para indicar a bibliografia usada numa pesquisa. (...) Como estamos pensando em alunos de 1° grau, não convém complicar demais as coisas, até porque a bibliografia, nesses trabalhos, não será muito extensa. Mas, por outro lado, também é conveniente começar a mostrar a eles a importância de fazer um trabalho organizado, sem “furos”, com todos os elementos necessários em seus devidos lugares”.
“A fórmula mais comum para se indicar um livro é a seguinte: Último Sobrenome, 1° nome. Título da obra, cidade, editora, ano”.
“Quando se trata de uma enciclopédia, a referência pode vir assim: Grande Enciclopédia Delta-Larousse, vol.7, Rio de Janeiro, Delta, 1970”.
“Uma reportagem de revista ou jornal assinada poderá ser citada assim: GUIMARÃES, João L. “A oficina do sabor”, Superinteressante, ano XI, n° 12, dezembro de 1997, PP. 34-39”.
“Se a reportagem não trouxer o nome do autor, começa-se a referência pelo nome do jornal ou revista: Superinteressante, ano XI, n° 12, dezembro de 1997, p. 10 (“Surge um macaco novo no galho”).
“No caso de CD-ROMS que costumam ser obras coletivas, tenho visto citações dessa forma: CD-ROM Almanaque Abril, 1996”.
“Quando a fonte consultada for uma página da Internet, coloca-se o nome comercial da página seguido do endereço eletrônico dela: BRITANNICA ON-LINE. WWW.EB.COM
“Acredito que esses modelos de indicação bibliográfica bastam por enquanto. Você pode, junto com os alunos, produzir uma ficha que sirva de guia para eles na hora de enumerar as fontes de consulta que sustentaram a pesquisa”.
A indicação bibliográfica, como eu já disse, confere credibilidade ao trabalho, mostra que o pesquisador agiu com seriedade e, principalmente, com honestidade. Ela nos prova que se trata de um trabalho original e não de uma simples cópia”
NOTA BIBLIOGRÁFICA: BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola – o que é, como se faz. Edições Loyola, p.34-38. 1998.

ASSUNTO: Citações

“Se o pesquisador considerar importante e válido citar textualmente alguma das fontes consultadas, não há problema alguma em fazer isso. O fundamental é que essa citação venha entre aspas e que a fonte seja indicada claramente no texto, além de constar obrigatoriamente da bibliografia”.
NOTA BIBLIOGRÁFICA: BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola – o que é, como se faz. Edições Loyola, p.38. 1998.

ASSUNTO: Cronograma

“O cronograma de uma pesquisa é tão importante quanto qualquer outro ponto do seu projeto”.
“O cronograma de qualquer trabalho tem que ser realista. Os prazos precisam ser condizentes com as tarefas propostas: nem curtos demais, para gerar aquele estresse insuportável; nem demasiado longos, para permitir distração e dispersão”.
“Como o projeto é um todo coeso e coerente, as partes que o compõem estão interligadas e dependem umas das outras. Os prazos para o cumprimento de cada etapa da pesquisa vão depender das exigências de cada tarefa. Além disso, eles têm de ser negociados democraticamente. (...) O importante é que haja um consenso e uma boa distribuição das tarefas ao longo do período previsto”.
“Uma vez delimitados os prazos, o professor – na sua qualidade (insubstituível e precípua!) de orientador da pesquisa – deverá controlar o progresso dos trabalhos, avisando quando as datas estiverem se aproximando (mas sem paranóia, por favor) e auxiliando os alunos em suas dificuldades ao longo do percurso”.
“Prazo é coisa séria”.
“(...) no decorrer do trabalho, muita coisa imprevista pode acontecer e talvez seja necessário alongar o prazo. Tudo vai depender da avaliação feita pelo professor, com base em critérios racionais e, sobretudo, democráticos. Pode ser também uma boa oportunidade para os alunos aprenderem as praticas da negociação”.
NOTA BIBLIOGRÁFICA: BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola – o que é, como se faz. Edições Loyola, p.39-41.1998.

ASSUNTO: Coleta de Dados

“(...) De acordo com a metodologia que escolhemos, nossa próxima tarefa é coletar os dados da nossa pesquisa. Isso pode ser feito de diversas maneiras”.
NOTA BIBLIOGRÁFICA: BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola – o que é, como se faz. Edições Loyola, p.42.1998.

ASSUNTO: Fichamento
“É um velho método de coleta de dados, documentado até mesmo em obras escritas antes de Cristo! Você pega uma ficha (...) e vai anotando nela os principais dados que encontrar à medida que for consultando a fonte”.
“Para que a sua leitura não seja cansativa, tendo de interrompê-la a todo momento para preencher a ficha, é recomendável ir assinalando, no próprio texto, tudo o que lhe parecer interessante para a pesquisa”.
“Depois de lido e assinalado no texto, você pode passar ao fichamento. Desse modo, ele estará praticamente resumido na ficha, com todas as palavras-chaves anotadas.
Depois de termos consultado todas as fontes de que dispomos (ou que selecionamos para nosso trabalho) e preparado as fichas de leitura é que procederemos à elaboração do texto, que será o produto da nossa pesquisa”.
NOTA BIBLIOGRÁFICA: BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola – o que é, como se faz. Edições Loyola, p.43-45.1998.

ASSUNTO:Questionário:

“Este talvez seja o método de coleta de dados mais adequado para os nossos alunos de 1° grau”.
“O professor (...) pode compor o questionário juntamente com os alunos, incentivando-os a dar suas próprias sugestões”.
NOTA BIBLIOGRÁFICA: BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola – o que é, como se faz. Edições Loyola, p.45.1998.

ASSUNTO: Síntese

“(...) terminado o fichamento das fontes, o pesquisador pode aplicar às fichas o questionário elaborado em classe. Em vez de fazer cada fonte bibliográfica responder ao questionário, ele pode simplesmente pinçar as respostas já dadas nas fichas, obtendo assim uma síntese.
“Fazer uma síntese é compor um produto novo servindo-se de todos os “ingredientes” coletados ao longo do caminho”.
“O texto que desejamos elaborar como produto final da nossa pesquisa será a síntese do nosso trabalho, uma composição com base nos dados obtidos”.
NOTA BIBLIOGRÁFICA: BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola – o que é, como se faz. Edições Loyola, p.46-47.1998.

ASSUNTO: Fontes de consulta

“A pesquisa tem como objetivo trazer uma contribuição nova ao conhecimento do campo do saber em que vai ser feita. (...) não adianta muito fazer uma pesquisa que dê resultados que já foram alcançados e ultrapassados por trabalhos anteriores”.
“Para darmos esta contribuição nova, precisamos selecionar com muito cuidado nossas fontes de consulta. Todos os dias a ciência dá um passo adiante (...)”
“(...) devemos buscar sempre obras de referência atualizadas. (...) quando se trata de ciência, tecnologia e história recente, é bom ter à mão um material sintonizado com os últimos acontecimentos (...)”
“Uma boa sugestão é consultar o ALMANAQUE ABRIL, em livro ou emCD-ROM (...) procure sempre a edição do ano em que você está”.
“Se você Lê bem inglês e está conectado à Internet, não existe melhor fonte de consulta do mundo (...) do que a ENCYCLOPAEDIA BRITANNICA ON-LINE. O endereço é www.eb.com”.
“Outra boa sugestão para a escola como um todo é assinar a revista Superinteressante”.
“(...) é bom reforçar a necessidade de consultar sempre as fontes mais novas, pois isso criará no aluno um hábito que lhe será muito útil na sua atividade profissional e intelectual futura”.
NOTA BIBLIOGRÁFICA: BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola – o que é, como se faz. Edições Loyola, p.47-49.1998.

ASSUNTO: produto final/análise

“É muito comum a palavra análise aparecer como um oposto de síntese”.
“Nós já vimos que síntese quer dizer “composição”. E o que significa analisar? Significa “dissolver, desligar, decompor, quebrar em pedaços”.
“Analisar uma situação é uma atividade que sempre começa com uma enumeração de fatores. (...) De posse de todos esses dados, poderemos elaborar uma síntese da situação educacional do país”.
“Como o objetivo da análise (“decomposição, dissolução, quebra”) é obter uma idéia geral do que está sendo investigado, o verbo analisar passou a ser sinônimo de “examinar”.
NOTA BIBLIOGRÁFICA: BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola – o que é, como se faz. Edições Loyola, p.50-51.1998.

ASSUNTO: O que vamos analisar?

“Na nossa pesquisa, o objeto da nossa análise será os textos que consultamos”.
“Não será difícil notar que esses dados podem ser classificados em dois grandes tipos. De um lado, os dados que são comuns a todos os textos. De outro, os dados que são fornecidos apenas por um ou outro texto. Daí a sua importância de um número variado de fontes: cada uma delas virá a acrescentar as informações oferecidas pelas outras”.
“Os dados do primeiro tipo são aqueles que terão de aparecer no nosso trabalho obrigatoriamente” (...)
“Os dados do segundo tipo são informações que poderemos ou não acrescentar ao nosso trabalho, tendo como critério para “peneirá-los” os objetivos que estabelecemos desde cedo no nosso projeto”.
“Em pesquisas mais demoradas, contudo, o investigador tem que ser muito criterioso na hora de acolher ou descartar informações que vai encontrando ao longo de seu trabalho”.
“Aqui a palavra-chave é relevância. Não podemos encher nossa pesquisa de dados, informações, digressões e citações que não contribuam especificamente para o nosso objetivo. Mas também não podemos deixar de fora coisas muito importantes, relevantes para o tema que estaremos investigando”.
“Analisando, portanto, as fontes que temos, vamos ver o que todas elas têm em comum”.
“Vejamos agora o que cada uma delas nos apresenta de diferente em relação às outras”.
NOTA BIBLIOGRÁFICA: BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola – o que é, como se faz. Edições Loyola, p.51-52.1998.


ASSUNTO: Metáfora capuccino

“Chegou o momento de prepararmos o nosso capuccino, isto é, o nosso texto informativo, produto final da nossa pesquisa. Nele devem aparecer todos os dados comuns a todas as fontes de consulta e também aqueles que, pelo critério da relevância, julgamos importantes para o nosso objetivo”.
NOTA BIBLIOGRÁFICA: BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola – o que é, como se faz. Edições Loyola, p.53.1998.

ASSUNTO: Procusto

“Na velha e boa mitologia grega, havia um personagem muito cruel que se chamava Procusto. (...) Procusto era um malfeitor que morava numa floresta. Ele tinha mandado fazer uma cama que tinha exatamente as medidas do deu próprio corpo, nem um milímetro a mais, nem um milímetro a menos. Quando capturava uma pessoa na estrada, Procusto amarrava-a naquela cama. Se a pessoa fosse maior do que a cama, ele simplesmente cortava fora o que sobrava. Se fosse menor, ele a espichava e esticava até caber naquela medida. (...) Procusto foi morto pelo herói Teseu, o mesmo que depois matou o Minotauro”.
“É fácil perceber a simbologia desse mito. Procusto representa a intolerância diante do outro, do diferente, do desconhecido. Representa a visão de mundo totalitária daquele sujeito que quer moldar todos os demais seres humanos à sua própria imagem e semelhança. É a recusa da multiplicidade, da diversidade, da criatividade, da originalidade (...)”
“O espírito de Procusto esteve presente em várias etapas da história da humanidade. Esteve presente durante a Inquisição (...); (...) na caça às bruxas (...). Esteve presente na conquista da América (...); (...) no longo e doloroso processo de escravização de milhões de negros africanos. Esteve presente nos campos de concentração onde os nazistas eliminaram milhões de judeus, ciganos, homossexuais e todo e qualquer opositor ao regime. Esteve presente nos regimes totalitários de esquerda e de direita que imperaram depois da 2ª Guerra mundial em vários países do mundo”.
“Infelizmente, ao longo da história, percebemos que a escola teve um papel muito importante na difusão do espírito de Procusto. A educação tradicional – repressora e intolerante – sempre se guiou pelo autoritarismo e pela consolidação de preconceitos dos mais diversos tipos”.
NOTA BIBLIOGRÁFICA: BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola – o que é, como se faz. Edições Loyola, p.53-55.1998.

ASSUNTO: O que fazer do produto final?

“Uma pesquisa no campo da química, da física e da biologia, por exemplo, pode ter como resultado a demonstração de um experimento prático. Que tal montar uma feira de ciências na escola para exibir esses experimentos”?
“Uma pesquisa pode ter como produto final um belo cartaz, um quadro, um painel, um mural, uma “instalação artística”, uma maquete ou qualquer coisa do gênero, Que tal organizar uma exposição”?
“Uma pesquisa na área da literatura, do folclore ou da História pode oferecer aos alunos a chance de demonstrar suas habilidades dramáticas”.
NOTA BIBLIOGRÁFICA: BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola – o que é, como se faz. Edições Loyola, p.55-56.1998.

ASSUNTO: Diminuindo a distância ente escola e comunidade

“Outra coisa que me intriga muito é a distância que ainda existe entre a escola e a comunidade. Não falo da comunidade no sentido amplo – bairro, cidade, Estado-, mas da própria comunidade formada pela escola e pela família dos alunos. Por que não aproveitar, por exemplo, as habilidades/profissões dos pais, mães, irmãos e demais familiares como “material didático”?
“O importante é usar métodos persuasivos para atrair os familiares de nossos alunos a essas atividades. Enfatizar que toda experiência pessoal é digna do interesse da escola. (...) Mostrar que a escola é também um lugar privilegiado para troca de informações, para intercâmbios de experiências e que o trabalho do professor tem um sentido prático, objetivo, válido”.
“É claro que tudo vai depender muito do tipo de comunidade em que a escola está inserida”.
NOTA BIBLIOGRÁFICA: BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola – o que é, como se faz. Edições Loyola, p.56-58.1998.

ASSUNTO: Pesquisa permanente

“Seria muito bom que a atividade de pesquisa não se limitasse aos trabalhos batizados com este nome e empreendidos oficialmente poucas vezes durante o ano letivo. Que tal estimularmos nossos alunos à pesquisa permanente”?
“Essas últimas sugestões – dá para perceber – são um estímulo para que os alunos se manifestem em sala de aula, para que tenham voz e opinião própria”. Precisamos derrubar esse mito autoritário de que a escola é o repositório exclusivo do saber, de que só ela tem o que transmitir em termos de conhecimento e cultura”!
“Temos que abrir a palavra aos alunos, conscientizá-los de que eles são parte integrante de um todo chamado sociedade, que cada ato e gesto deles influi na vida de todos os demais”!
NOTA BIBLIOGRÁFICA: BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola – o que é, como se faz. Edições Loyola, p.58-59.1998.

ASSUNTO: Sobre o acesso às fontes

“Realmente, a mudança aconteceu muito depressa. Mas já é tão profunda, já causou tamanha revolução em tantas áreas da sociedade, que não podemos fechar os olhos e fingir que ela não está aí”.
“É inadmissível, portanto, que a escola se mantenha alheia a tudo isso. A falta de recursos, certamente, é um problema grave, que nenhum professor sozinho pode resolver. Mas todos os professores juntos, organizados em suas entidades de classe, associações e sindicatos, podem e devem exigir sempre do poder público a atenção devida à educação. É preciso também que os pais e a comunidade em geral de mobilizem nessas exigências”.
“Por outro lado, os professores de uma escola, junto com seus alunos, podem tentar se servir dos recursos que estão ao seu alcance. Usar o computador pessoal de um aluno ou pai de aluno pode ser uma idéia”.
“O importante é mostrar aos alunos que existe na escola uma vontade de acompanhar as transformações que estão se processando do lado de fora da sala de aula e que todos os meios e multimeios oferecidos pelas novas tecnologias também devem ser usados para tornar o aprendizado mais atraente, mais atualizado, mais vivo”.
NOTA BIBLIOGRÁFICA: BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola – o que é, como se faz. Edições Loyola, p.59-62.1998.

ASSUNTO: Pesquisa em Língua Portuguesa

“É curioso, mas aquelas que são consideradas normalmente as duas disciplinas mais importantes – língua portuguesa e matemática – nunca (ou raramente) são objetos de pesquisa na escola”.
“O ensino da língua ainda é feito com base em dogmas, preceitos e regras que nada têm de científicos – e esse é o seu maior defeito”.
“Para o gramático, o certo é o certo e acabou, ponto final”!
“Para o lingüista, ao contrário, o que a gramática tradicional chama de “erro” é um fenômeno que merece ser investigado cientificamente, com métodos rigorosos de análise”.
“O ensino da gramática (...) não acompanha os progressos da ciência da linguagem, que é simplesmente um absurdo”.
NOTA BIBLIOGRÁFICA: BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola – o que é, como se faz. Edições Loyola, p.65-66.1998.

ASSUNTO: Pesquisa sim, em língua portuguesa

“Um dos fundamentos da boa ciência é investigar as regras e leis que provocaram os fenômenos naturais, que fazem as coisas acontecerem. Só que no ensino da gramática, em vez de investigarmos as regras e as leis, nós simplesmente as entregamos prontas e acabadas para os alunos, que são obrigados a decorá-las, sem terem percebido de modo mais palpável por que as coisas funcionam daquele jeito”.
“Ao invés de listar aquele monte de regras para depois mandar os alunos preencherem buracos em frases soltas e descontextualizadas, vamos agir exatamente ao contrário. Vamos dar textos completos e bem escritos para deles extrairmos as regras de funcionamento”.
“Esta é a atitude do cientista”
“Essa mesma atitude científica, de observação e dedução, pode ser aplicada ao estudo da língua. Vamos experimentar”?
NOTA BIBLIOGRÁFICA: BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola – o que é, como se faz. Edições Loyola, p.66-67.1998.

ASSUNTO: O que é crase, afinal?

“Crase, para começo de conversa, é uma palavra grega que significa “mistura”. Este termo é usado para designar um fenômeno fonético: a fusão de duas vogais iguais numa só”.
NOTA BIBLIOGRÁFICA: BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola – o que é, como se faz. Edições Loyola, p.68.1998.

ASSUNTO: A crase no português do Brasil: explicações velhas e novas

“A visão tradicionalista do ensino gramatical perguntaria: “Por que o brasileiro erra tanto na hora de usar o acento grave indicador de crase?”
“Já o cientista da linguagem formularia a questão de outra maneira: “Notamos que as pessoas no Brasil, em geral, têm dificuldade para representar a crase na escrita”.
“Pesquisando, a gente descobre algumas respostas. Por exemplo, a preposição a, na fala diária informal de boa parte dos brasileiros, está caindo em desuso”.
“Com os verbos dizer, falar, dar, entregar, telefonar, responder, escrever, pedir e muitos outros – que na língua literária clássica usavam a preposição a – nós estamos usando com muito mais freqüência a preposição para”.
“Com os verbos de direção do tipo ir, vir e chegar é muito mais freqüente o uso da preposição em (e suas combinações) do que a preposição a”.
“Por isso, aquela explicação que a gente dava para orientar os alunos sobre o fenômeno da crase – prestar atenção os verbos que “pedem” a preposição a – não funciona mais muito bem, pois a preposição a já está se tornando um “corpo estranho” na língua falada dos brasileiros”.
NOTA BIBLIOGRÁFICA: BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola – o que é, como se faz. Edições Loyola, p.69-70.1998.

ASSUNTO: Dois sons lá, um só aqui

“(...) No português falado em Portugal existem dois sons vogais bem diferentes representados pela letra A.(...) Na boca de portugueses, esse som está presente na preposição A e no artigo feminino singular A”. (...) Por isso os portugueses não têm dificuldades em representar, na escrita, o fenômeno da crase”. O “a craseado” tem um som diferente do “a não craseado”. Eles ouvem dois sons, por isso sabem onde vão colocar o acento”!
“(...) isso não acontece entre nós, no Brasil, porque a nossa língua não tem esse outro “a” fechado tão diferente do “a” aberto. (...) nosso ouvido não reconhece dois sons em “a Bahia” e “à Bahia”.
NOTA BIBLIOGRÁFICA: BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola – o que e, como se faz. Edições Loyola, p.70-71.1998.

ASSUNTO: Então para que ensinar?

“Se na língua que falamos diariamente não usamos mais a preposição a e, mesmo que a usássemos, não ouviríamos a diferença entre o a simples e o a “misturado” será que inútil ensinar crase no Brasil? Claro que não! Só precisamos tomar consciência de que a crase é importante, sim, mas num único contexto de uso da língua, que é o da língua escrita formal”.
“Precisamos ensinar nossos alunos a acentuar corretamente o “A craseado” para que possam ser capazes de escrever bons textos. O acento indicador da crase torna o texto escrito mais preciso, evita ambigüidades de interpretação: “mencionei a aluna” é diferente de “mencionei à aluna”.
NOTA BIBLIOGRÁFICA: BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola – o que e, como se faz. Edições Loyola, p.71-72.1998.

ASSUNTO: Uma sugestão para pesquisar a crase

“Como faremos, então, para que nossos alunos descubram as regras que governam o uso do acento indicador da crase? Já sabemos que despejar aquela lista de explicações e exemplos não adianta nada”.

“As explicações são confusas porque não se baseiam na realidade da língua falada pelos brasileiros e ainda não servem de teorias ultrapassadas”.

Gabrielle P.F. de Carvalho

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