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segunda-feira, 2 de maio de 2011

Domínio Público - Resultado da Pesquisa Básica

Domínio Público - Resultado da Pesquisa Básica: "– Enviado usando a Barra de Ferramentas Google"

sábado, 2 de abril de 2011

Paraiba Ontem Hoje






a margem do rio Paraiba do Sul
rio Paraiba do Sul
Ponte da Paraiba do Sul, a primeira ponte a cobrar pedágio no Brasil :Em 1854 a obra da construção da Ponte foi entregue ao industrial Irineu Evangelhista de Souza, o "Barão de Mauá."

Utilizando um sistema original de amortecimento, criado pelo engenheiro inglês Thomas Butler Dogson, construído de cinco pilares de alvenaria sobre o leito rochoso e um elaborado sistema de vigamento metálico treliçado.

A ferragem possui um elevado valor histórico, todas as peças foram fundidas na Fundição da Ponta da Areia empresa esta do IndustruialIrineu Evangelhista.

O suporte dos pranchões de madeira compunha o piso e a treliçado de ferro, foram progetados especialmente com peças de 2,64 metros de comprimento , peso este compatível para serem transportadas por tropas de muares, cujo trajeto era feito atrav´s da Serra do Mar até Paraíba do Sul.

Graças ao braço escravo a Ponte foi inaugurada em 13 de dezembro de 1857.

Entre 1857 á 1859 era cobrado a mando da Corte um pedágio aos seus usuários. Em 1921 os antigos pranchões de madeira do piso da ponte foram substituídos por pavimentação de cimento, sendo responsável o engenheiro Dr.Margarino Torres.

A Ponte da Paraiba foi tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (INEPAC)


Diz-se que foi a 1ª Ponte a cobrar pedágio do Brasil.



Ao fundo vê-se a Ponte Preta

Ponte Preta - Paraiba do Sul as duas fotos são muito antigas
Ponte Paraiba do Sul - rio Paraiba do Sul

sábado, 4 de dezembro de 2010

Terra do baroes do cafe


Paraiba do Sul

Eis, a nossa cidade - Paraiba do Sul, fica no Vale do Paraiba, região outrora dominada pelos senhores de engenho , era uma regiaõ escravagista ,plantava-se a cana-de-açucar e mais tarde cultivaram o café. O dinheiro corria como água. Os filhos dos barões iam estudar na Europa, importava-se tudo,tecidos,rendas, aparelho de café ,de jantar, cristais (da Bohemia).

Aqui em Paraíba do Sul ,tem uma fazenda - umas das últimas que as telhas vieram da França. Diferente de outras nações onde os ricos ajudavam no desenvolvimento do país , no Brasil era o contrário - ninguém se preocupava em melhorar as estradas, construir pontes, contruir escolas.
Não, o escravo não tinha alma (como dizia o padre) então por concordar com este pensamento ,ele nada aprenderia.

Quando vieram os primeiros emigrantes, pagava-se para que fizessem o trabalho que o escravo fazia de graça e ainda levavam açoitadas , do feitor por qualquer insuburdinação. Pais e filhos eram separados, o senhor dispunha de suas vidas do jeito que melhor lhes aprouvesse.
Tinha o pelourinho, onde os castigos e flagelos eram aplicados (para servir de exemplo)
Vivia-se na senzala uma casa de pau a pique. onde todos ficavam juntos e a noite era fechada com um cadeado (para garantir que não haveriam fugas).
Mal raiava o dia o negro estava de pé, com a enxada na mão, caminhava com os outros em direção das plantações. Dia após dia, com sol ou chuva.
Eram chamados de 'peças' comprados , nas praças , e o preço variava de acordo com
a aparência que tinha o infeliz . Claro que havia uns critérios , bizarros , como se fossem cavalos olhava-se os dentes para ver se eram fortes.
Nunca se pensava nas humilhaçoes dos negros africanos . Pois se até a Igreja tinha os seus escravos,'então não era errado te-los'
Eram capturados na África , trocados por quinquilharias, durante a viagem morrria-se em grande quantidade ,entre outros males tinha um que era chamadao de 'banzo' era uma saudade imensa do seu torrão natal onde os cabelos ficavam brancos da noite para o dia. A melancolia era tanta que morriam as dezenas. No navio , homens e mulheres, eram espremidos em porões fédidos, onde ali se comia ,uma comida que mais parecia uma lavagem. acorrentados dia e noite.

Até que chegasse ao destino , Brasil.
Era assim que se faziam a viagem para esta terra. Dá para imaginar a nossa dívida com este povo?

Impagável!!!

(lidiamachado)

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Dia da consciencia Negra



Há alguns anos, o dia 20 de novembro ganhou um significado muito especial no contexto histórico deste país. A Câmara de Vereadores da cidade do Rio de Janeiro, ouvindo os anseios populares em votação declara que a partir daquele dia esta data seria festejada como feriado na cidade do Rio de Janeiro que foi posteriormente estendida para todo o Estado . Atualmente, vários estados do brasileiros , passaram também a comemorar ( muito merecidamente por sinal ) como feriado em seus Estados. Neste dia, 20 de Novembro - dia da morte de Zumbi , foi dedicado a exaltação da raça negra pelo muito que deu de si para a construção deste país.
Os africanos e os seus descendentes durante para várias gerações, nasciam , cresciam, e morriam debaixo do açoite na senzala. Os negros africanos feitos cativos, eram vendidos como meras mercadorias.
Originários do Continente Africano ,as grandes nações européias iam pegar "as peças" que abasteciam todo o mundo. A escravidão foi estremamente cruel para todos os seres humanos, que eram feitos prisioneiros na África (seu país de origem).
A partir da sua captura , extinguiam-se toda a forma de cidadania.
Os africanos quase sempre envolviam-se em guerras tribais,sendo que os vencidos eram feitos prisioneiros (facilitando a troca com os europeus) os chefes africanas , mantinham os prisioneiros para trocá-los por aguardente, fumo, espelhos , bugigangas enfim . Os navios chegavam abarrotados de mercadorias e na volta ...abarrotavam-se os porões 'com peças'ou 'mercadorias', onde grande parte morriam pelas péssimas condições de higiene . Outros adoeciam de uma doença chamado 'banzo' ,uma espécie de melancolia ,uma saudade muito grande de seu torrão natal, recusavam todo alimento, os cabelos embranqueciam do dia p'ra noite. No Brasil os negros africanos eram originários de Angola, Moçambique,Congo...
Poucas vozes se levantavam para denunciar a indignação contra tal tratamento desumano . Aqui no Brasil( um dos últimos países a abolirem tão nefasto comércio) a abolição foi declarada pela princesa Isabel em 13 de maio de 1888. Foi feita a abolição de forma , mesquinha. O negro africano teve que sair das terras do senhor , sem nada poder levar - pois como escravo nada possuía de seu.
Nesta região onde resido conhecido como Vale do Paraíba , existiam muitas fazendas dedicadas ao cultivo da cana-de-açucar e posteriormente ao cultivo do café . Os senhores ficaram conhecidos como 'Barões do Café' tal o fausto em que viviam, seus filhos eram enviados para a Europa,onde concluíam seus estudos. Móveis e utensilhos, também vinham de lá.
O preconceito do povo brasileiro, é enrustido, embora hoje existam leis de proteção contra a discriminação. Haviam muitos ditados que fortaleciam este preconceito.

Veja a seguir, alguns exemplos:

(...) Fulano é um preto de alma branca.

Preto é assim mesmo ... quando não caga na entrada,caga na saída.

Amanhã ...é dia de branco (dia de trabalho )n'uma alusão que o branco é trabalhador.

Branco correndo é atleta, preto correndo é ladrão.

Ovelha negra , simboliza a pessoa que não deu certo.

E assim vai, é assim que se diminui um semelhante da raça negra. Felizmente as piadas de péssimo gosto , já não fazem rir como antigamente.
Não só o Brasil, mas o mundo tem uma grande dívida de gratidão para com os descendentes africanos,afinal , foram eles que ergueram esta nação. Felizmente , 'não ostentamos o título de raça pura' somos uma nação de "miscigenados".

Valeu,Zumbi!


Zumbi dos Palmares


No ano de 1600 os negros fugidos do trabalho escravo nos engenhos de açucar de Pernanbuco, fundam na serra da Barriga, o Quilombo de Palmares ;chegam a 30 mil os escravos. Palmares é a Terra da Promissão.

Em 1630 - Os holandeses invadem o Nordeste brasileiro

Em 1644 - Tal como falharam os Portuguses os holandeses falham na tentativa de aniquilar o Quilombo de Palmares .

No ano de 1654 - Os portugueses expulsam os holandeses do Nordeste Brasileiro.

Em 1655 nasce Zumbi

Em 1662 Zumbi é aprisionado por soldados e é dado ao padre Antônio Melo era criança . Foi batizado com o nome de Francisco, nas celebrações ajudava como coroinha, estudou português e latim . Em 1670 Zumbi fugiu e regressou a Palmares.
No ano de 1675 , travou-se uma violenta batalha, os soladados eram comandados pelo sargento-mor Manoel Lopes. Zumbi tornou-se um grande guerreiro e um grande estrategista. Em 1668 o governador da capitania de Pernanbuco Pedro de Almeida , interessado na submissão dos quilombolas propôs ao chefe do quilombo Ganga Zumba a paz e a alforria para os quilombolas , Ganga Zumba confia e aceita. Em 1680 Zumbi como líder comanda Palmares liderando a resistência contra as tropas portuguesas.
Em 1694 - O bandeirante Domingos Jorge Velho e Vieira de Mello comandaram o ataque final contra a Cerca do Macaco, principal mocambo de Palmares, embora ferido, Zumbi conseguiu fugir.
Em 1695 no dia 20 de novembro ,Zumbi denunciado por um antigo companheiro , foi preso e degolado.

domingo, 4 de outubro de 2009

A historia da escravidao



(...)Tinha, portanto, em cinco anos,esmorecido a resistência oposta á abolição do tráfico, criando-se uma atmosfera mais razoável ás ideías civilizadoras: - o interresse ainda uma vez vinha ao encontro do humanitarismo; o egoismo fazia causa comum com o altruísmo.
Para aproveitar a momentânea desilusão dos proprietários rurais, os quais dominavam, até certo ponto, as várias correntes da opinião política do Brasil, era necessário dar um golpe pronto, satisfazendo a aspiração da eleite nacional. Lançou Eusébio de Queiroz mão do malogrado projeto de 1837, a que, de relance aludimos. Dormia ele na Câmara dos Deputados, desde 1848. Antes tinha sido retomado, submetido a exame do Conselho do Estado, emendado. Eusébio apresentou novas emendas, corrigindo as falhas da Lei de 1831 e tendo o bom senso de tirar do júri a competência para julgar as infrações á nova lei.
Os pensamentos que guiaram o celebrado homem político e abalizado administrador foram estes: atacar ,com vigor as novas introduções de africanos , esquecendo e anistiando as anteriores á lei; dirigir a repressão contra o tráfico no mar , ou no momento do desembarque, enquanto os africanos estivessem ainda em mãos dos introdutores.
A Lei de 1831 era aproveitada, quanto á penalidade, e seus efeitos civis e criminais mantidos em benefício dos africanos.
Afinal, a 4 de setembro de 1850, foi decretada a Lei n°548, que estabeleceu novas medidas para a repressão do tráfico de africanos no Brasil.
A competência para o processo e julgamento dos importadores de escravos e seus cúmplices foi conferida a auditores de Marinha, criando o Governo as auditorias convenientes e provendo, nelas, juízes de direito que exercessem a judicatura em comarca do litoral.
Para de uma vez dissipar o velho equívoco relativo á confusão do "crime de introdução de escravos " com o de pirataria , o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulino José Soares de Souza, (um dos maiores propulsores da abolição do tráfico) propôs que se firmasse bem o princípio de ser como tal considerado o crime no território do império.
Nesta conformidade se redigiu o art.4° da lei, em contrário ao critério britânico, pois ficou claro que, na espécie, não se verifivava o crime de Pirataria segundo os direitos das gentes, dando lugar ás visitas dos nossos navios pelos vasos de guerra estrangeiros. Não; para nós, somente para nós, em face do nosso direito nacional, a prática do tráfico era tida como pirataria , sujeita á ação repressiva dos nossos tribunais.
Proibia, terminantemente a nova lei a entrega dos africanos apreendidos a particulares, conforme se vinha praticando.
Não seriam, entretanto suficientes as prescrições legais , se, na sua execução, não tivesse posto o Governo, desde logo, empenho de honra. Raramente entre nós se viu tamanha energia no cumprimento de uma lei , e é tanto mais de louvar quando se medita que, um ano antes, os traficantes ainda tinham tido prestígio para fazer cair um ministério, dispondo de protetores nas mais altas regiões da política e da administração do país!

(A Escravidão Africana no Brasil)

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Escravidao Africana


(imagem :Recanto da Lidia)

Teria a execução do acintoso bill resolvido o difícil problema, ou, pelo menos, atenuado os efeitos do tráfico?
Segundo dados seguros, fornecidos pela estatística, impõe-se a responsabilidade negativa.
O bill naufragou de encontro á pertinácia interesseira dos traficantes, que se arriscavam a todos os perigos para auferir os grandíssimos lucros que lhe advinham do seu repulsivo comércio.
Demais, não é despropósito conceber tal ou qual espírito de resistência patriótica e de aventura guerreira, manifestado por portugueses e por brasileiros, que viam as respectivas nacionalidades sob o domínio da força, limitadas em sua soberania. Não seria a primeira vez em que o interesse mercantil se casasse com um estímulo
patriótico.
Indubitável é que, não obstante a execução vigorosa e, por vezes, exagerada, do Bill-Aberdeen,o tráfico recrudesceu...
Em cada um dos anos anteriores á decretação do famoso bill, a importação fora de 20.000 a 30.000 negros africanos. Pois bem, no ano de 1846 subiu a 50.000, no seguinte a 56.000 , e em 1848, a 60.000. Em 1849 baixou, apenas um pouco; entraram, todavia, 54.000 escravos por contrabando, zombando do cruzeiro inglês e de todo o aparelho repressivo que o bill instituíra.
Era, pois ,imprescindível, a bem da nossa dignidade nacional, cuidarmos de resolver o problema por nós mesmos. Foi a esta grande obra que se dedicou o Gabinete presidido pelo senador José da Costa Carvalho,sendo o ministro da justiça, Euzébio de Queiroz, o verdadeiro orientador do movimento.
Mostra-nos um coetâneo de quanta habilidade deu provas este notável estadista. Ele mesmo, em discurso proferido dois anos depois da lei, e já aqui citado, apresenta os fatores da momentosa reforma. Segundo Eusébio de Queiroz, a excessiva importação de africanos, nos anos que se seguiram ao vexatório Bill-Aberdeen,
começou a causar apreensões aos homens mais esclarecidos da nossa política , que notavam, dia a dia, mais acentuado o desenquilíbrio entre as duas classes - a livre e a escrava - empregadas na lavoura , e previam sérios perigos para a ordem pública.
Por outra parte os fazendeiros, que havim realizados grandes compras de escravos e para este fim hipotecado suas propriedades e assumido outras obrigações , viam-se frequentemente desiludidos com a perda de muitos africanos , que, logo nos primeiros tempos da introdução nas fazendas , morriam, em razão dos maus tratos da viagem, das diferenças de clima e alimentação , dos novos hábitos do trabalho. Daí resultava "a nossa propriedade territorial ir passando das maõs dos aglicultores para as dos especuladores e traficantes", portadores dos títulos de dívida,representativos de compras inconsiderados de escravos.
Tinha, portanto, em cinco anos , esmorecido a resistência oposta á abolição do tráfico, criando-se uma atmosfera mais favorável ás idéias civilizadoras: - o interresse ainda uma vez vinha ao encontro do humanitarismo; o egoismo fazia causa comum com o altruísmo.

Do livro: A escravidão Africana no Brasil

(pág.50)

segunda-feira, 15 de junho de 2009

A escravidao africana

"Memorável e, por mais de um título aproveitável é a sentença do juiz inglês Sir. William Scott, Lord Stowell, a propósito da apreensão do navio francês Louis. Data de 15 de dezembro de 1817. Nela o ilustre membro da corte do almirantado, depois de historiar o fato do apresamento, passando a discutir a tese jurídica, mostrava como era impossível, áquela época , enxergar no tráfico uma infração ao direito das gentes , quando a escravidão ainda existia em muitos países civilizados . Entendia que os sentimentos , morais contra o tráfico deviam ser pela maneira ordinária da persuasão,
visto como, por mais honrosso que fosse o fim, não se justificava o emprego de meios indignos.
Referindo-se , precisamente ao suposto direito de visita sem convenção prévia, negava-o terminantemente, como contrário a liberdade dos mares, e firmava sua distinção com o direito de visita em estado de guerra . (Em virtude desta sentença o navio francês foi restituído.)
Finalmente, para fechar com chave de ouro , que opinião mais expressiva poderia ser citada do que a do próprio Aberdeen? Foi ele , efetivamente, que , em uma nota dirigida, a 13 de outubro de 1841, a Mister Stevenson, ministro dos Estados Unidos, escreveu:

- "O uso do direito de busca em tempo de paz , quando não concedido por tratados , é uma infração do direito das gentes e um atentado contra a dignidade e a independência nacional."

Fundado, pois, em princípios doutrinários de valor incontroverso e nos têrmos das convenções feitas pela Inglaterra com muitas noções , inclusive Portugual e Brasil , o nosso governo dirigiu ao Governo Britânico enérgico protesto , por meio da nota diplomática de 22 de outubro de 1845 , assinada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros Antônio Paulino Limpo de Abreu. È um documento histórico digno da consideração de todos os brasileiros , pois , ao lado de argumentação cerrada e convincente , se encontram, nele, rasgos de altivez e de patriotismo que quiséramos deparar sempre em circunstâncias idênticas.
Entre outros tópicos , igualmente fortes , se destacam estes :

-"Absurdo fora reconhecer no Governo britânico o direito de punir súditos brasileiros, nas suas pessoas ou na sua propriedade, por crimes cometidos no territòrio do império, sem muito expressa, clara e positiva delegação deste direito, feita pelo soberano do Brasil ao da Grã-Bretanha."

"Não é concebivél como possa o "tráfico" ser considerado hoje pirataria, segundo o direito das gentes, quando, não há muitos, ainda a mesma Inglaterra não se reputava inflamada em negociar em escravos africanos , e quando outras nações cultas ainda há bem pouco tempo proscreveram esse tráfico."
Certo, terão notados os leitores que esse argumento é reprodução exata de um dos considerados da sentença de Lord Stowell, juiz do almirantado inglês, a respeito da captura do navio Louis.
A essa sentença alude a nota diplomática , para demostrar a contradição do pensamento que inspira o Bill-Aberdeen com os princípios estabelecidos pela magistratura inglesa.
Termina a nota, manifestando a boa vontade , que tinha o governo Imperial, de pôr termo ao tráfico, não só se utilizando de medidas internas, como de algum razoável acordo, em que a Inglaterra quisesse, afinal, reconhecer a nossa soberania.
No final das contas, como o comentário da atitude da Inglaterra diante de Portugual e do Brasil, a pretexto de os levar á abolição do tráfico, nunca poderíamos, por mais que rebuscássemos, encontrar melhores palavras do que as do Lorde Castereagh, o valente porta-voz das pretenssões britânicas nos Congressos de 1815 a 1822.

Ei-las:

-"Fundada esperança tenho de que nunca pedir-se-á ao Governo britânico que empregue sua energia e poder de modo incompatível com a independência das outras nações. Tenho para mim que o Parlamento e o povo inglês estão convencidos de que é um absurdo pretender, com a espada na mão, pregar moral, e estou intimamente persuadido de que as demais nações não devam ser coagidas pela força a seguir nossas máximas filantrópicas e morais."

Do livro A escravidão Africana no Brasil

Pág. 46

sexta-feira, 29 de maio de 2009

A Escravidao Africana no Brasil cap II



Motivo é de glória para o Brasil o ter partido daqui um dos primeiros e mais veementes protestos contra o tráfico de africanos. Devemo-lo ao Dr° Manoel Ribeiro da Rocha, presbítero, formado em cânones na Universidade de Coimbra, exercendo a profissão de advogado no foro da Bahia. Ali, escreveu ele (publicando em Portugual, com as devidas licensas do Santo Ofício, do Ordinário e do Paço) a raríssima obra
Etíope resgatado, empenhado, sustentado, corrigido, instruído e libertado (1758), do qual um exemplar existia na extinta Biblioteca Fluminense. Fazendo, com sobeja razão, a apologia da obra e do seu autor, escreveu o citado Cândido Mendes:

"Levantar-se um apóstolo da liberdade humana no foco então mais incandescente da escravidão africana - a Bahia; fulminar o tráfico protegido, a escravidão perpétua e a do ventre, fundando-se nos nossos princípios religiosos e jurídicos, é maravilha que nos deve encher de satisfação e de legítimo orgulho."

Vinte e três anos depois, Condorcet, usando o pseudônimo Joaquim Schwartz, publicava suas reflexões acerca da escravidão dos negros, que não lograram grande influência no mundo político-administrativo francês.
Combatia Condorcet os mais espalhados e acreditados sofismas, os mesmos que, anos depois, deveriam ser reproduzidos na Análise do bispo Azeredo Coutinho.
Em outra parte do opúsculo, propunha os "meios de abolir gradualmente a escravidão dos negros," entre os quais: proibição completa do tráfico; emancipação dos nasciturnos.
A primeira tentativa emancipadora, no terreno prático, foi obra dos Quakers, emigrados para o Norte-América. Operou-se logo no começo do século XVIII quando Fox, Woolman e Penn libertaram seus escravos e desenvolveram ativa propaganda
entre os da sua seita. Nem todos, porém, se comportaram condignamente, pois se
limitaram a transmitir a outros senhores os escravos que possuíam, não adquirindo novos.
Em 1776, a assembléia legislativa de Massachussts proibiu a
entrada de escravos. O Governo britânico recusou sanção á lei. O mesmo aconteceu com a Pensilvânia, a Nova Jersey e a Nova Inglaterra.
Em 1772, tentou a Virgínia obter do soberano inglês a proibição do tráfico. Ainda, este belo gesto não surtiu efeito.
Tal foi a atitude da Inglaterra que, entre as arguições feitas contra Jorge III,em 1789 , aproveitando-se da faculdade que lhes concedera a Espanha, os seus súditos continuaram a traficar escravos, não só nas colônias espanholas de S. Domingos, Cuba, Porto Rico e Caracas como em outras colônias.
Mas, a Inglaterra - cumpre reconhecê-lo - tinha , também se iniciado o movimento
antiescravista, com as vigorosas petições dos negociantes de Bristol e Liverpool, dirigidas ao Parlamento (1778).
Reclamavam eles, com bons argumentos, a abolição do tráfico.
Nada conseguiram. Apenas, em 1784, foi votado um ato (Consolidated slave law), pelo qual era permitido aos escravos adquirirem pecúlio independente.
È aqui o lugar próprio para recordar o início da obra pertinacíssima e exemplificante do famoso Willian Wilberforce.
Era ele membro da Câmara dos Comuns, quando,na sessão de 1787 para 1788, atacou pela primeira vez, com desusada energia, o tráfico, preparando a proposta da sua abolição. Secundado, dentro e fora do Parlamento, por auxiliares da força de Grenville-Sharp, Buxton, Clarkson (que havia fundado a African Institution), depois ajudado por Pitt e Fox, apresentou Wilberforce, sucessivamente, projetos de supressão do tráfico em 1792, 1794 e 1796, conseguindo
fazê-los aprovar pela Câmara a que pertencia. A Câmara dos Lordes, porém, teimosamente, punha abaixo a obra de Wilberforce.
Entretanto, a abolição do tráfico já tinha sido resolvida, ao finalizar o século XVIII, pela Noruega, Dinamarca, Pensilvânia,e pala França.
Portugual, desde 1773, extinguira a escravatura na Ilhas da Madeira e dos Açores.

A escravidão Africana no Brasil

Evaristo de Moraes

terça-feira, 19 de maio de 2009

A Escravidao no Brasil

"Nos séculos XVII e XVIII, nos séculos de Luís XIV e de Voltaire, nos vésperas da Revolução Francesa, e mesmo depois dela, toda a Europa se entrega ao tráfico de negros."

Estas palavras de Augustin Cochin exprimem a mais comprovada das verdades.
Sem indagar a quem cabe a prioridade do tráfico, se aos portugueses , se aos espanhóis, certos é que, em meados do século XVI, ele já constituía o meio regular de colonização de Portugual e de Espanha, e durante os dois séculos seguintes abasteceu, igualmente, de trabalhadores escravos as colônias inglesas, francesas e holandesas.
Nenhuma potência marítima da Europa pode escapar á observação de Cochin.

Súditos de todos foram traficantes e possuídores de escravos africanos. Costuma-se
carregar sobre Portugual as maiores culpas do tráfico, talvez tendo em
considereçaõ que só muito tarde, libertamos no Brasil, os últimos produtos desse comércio, para nós originariamente português.
Mas, há injustiça na apreciação.

Culpas maiores teve a Espanha, não menores teve a Inglaterra, idênticas cabem á Holanda e á França. Durante muitos anos, o tráfico foi a principal fonte de renda da Espanha. Por meio dos seus famosos
'asientos', ela concedia a determinados súditos seus e de outras nações o direito exclusivo de fornecer negros escravos ás suas possessões de ultramar. O negócio era de tal monta e tantos lucros granjeava que os soberanos estrangeiros tudo faziam para obter os 'asientos'.

Sucessivamente, desde 1517 até 1743, vemos gozando o rendoso monopólio: flamengos, portugueses, espanhóis, franceses e ingleses. Os prazos das concessões foram diferentes, mas a Inglaterra conseguiu, pelo tratado de paz de Utrecht, para seus súditos, o maior de todos, 30 anos (1713).
Eram os 'asientos' beatamente celebrados ,en el nombre de la Santíssima Trinidad , pela magestade mui catolica de Espanha. Em geral, os empresários, com os quais a Espanha tratava, garantiam a transação por meio de grandes emprestimos ou adiantamentos feitos a ela. Os empresários se obrigavam a fornecer certa quantidade de negros, contados por peças ou por toneladas.
Em menos de dois séculos , realizou a Espanha dez contratos dessa espécie, relativos ao transporte de 500 mil escravos , ganhando 50 milhões de libras. Eis como se prova a importância ligadas a tais convenções: em 1743, como terminasse o prazo da concessão feita á Inglaterra e a Espanha não estivesse disposta a renova-lá , quase houve a declaração de guerra...
Pelo lado da França, vemos que , a 27 de agosto de 1701, o seu rei trés chrétien (sublinha Cochin) assinava com o mui católico rei da Espanha um tratado pelo qual o monoppólio do tráfico para as colônias espanholas era assegurado á Real Companhia de Guiné, representada por Du Casse. Neste tratado se explica qua a companhia francesa se encarrega do tráfico para que traga aos dois monarcas una loable, pura, mutua y reciproca utilidad...
Nem a própria revolução Francesa influi positivamente na supressão do tráfico; seus princípios de liberalismo não apoveitaram aos míseros africanos. Tanto assim que , nas Balances du Commmmerce de 1789,1790 e 1791, figuram os negros como gênero ou mercadorias coloniais.
Em 1792, no relatório que apresentou a Convenção acerca do comércio exterior, desculpa-se Roland por não poder dar o número exato dos cultivateurs africais transportés par armateurs dans les iles de L'Amerique.
A mentalidade coletiva da Europa autorizava e sancionava essas negociações relativas á mercadoria humana.

Embora aparecesse um ou outro escasso protesto, não lograva impressionar as clases dirigentes.
Desde o começo se patenteia inegável cumplicidade ou mansa aquiescência por parte dos sacerdotes cristãos, que só raramente condenaram, em absoluto, o tráfico e a escravidão.
São sem o menor valor as pretendidas demostrações do contrário, pois a mostra de piedade pelos escravos e a pregação da bondade aos senhores , no tratamento deles, não exprimem a negação formal do "direito de propriedade do homem sobre o homem."
Ao contrário, era tal a pressão dos prejuízos correntes acerca dos povos não-cristaõs e das necessidades econômicas dos paises colonizadores, que mais de um clérigo se faz arauto da escravidão dos negros africanos e houve quem sustentasse que na religião de Jesus não havia palavra contra tal instituto.
Notável entre os mais notáveis é o exemplo de "Las Casas".
Acerca da co-participação desse ilustre dominicano nos começos do tráfico para as colônias espanholas muito se tem escrito; em seu favor conhecemos
mais de uma defesa; mas, afinal, chegamos á conclusão a que chegara o insuspeito senador do império e erudito jurista Cândito Mendes de Almeida, na desenvolvida "Introdução" de que fez preceder os Princípios de Direito Mercantil, de Silva Lisboa (Visconde de Cairu).
"Las Casas", cuja ação junto ao governo central da Espanha e á administração das respectivas colônias, se fizera sentir no primeiro quartel do século XVI, combatendo com ardor a escravidão dos indígenas americanos, não trepidava em aconselhar a introdução de escravos africanos. Certo, "Las Casas" não foi - como alguns pretemdem - o autor do alvitre; aceitou-o , adotando-o.
Em defesa, ao mesmo tempo, dos indígenas e dos colonos europeus, acudiu, também em 1661, o preclaro padre Antônio Vieira, dizendo que no Maranhão só haveria remédio permanente de vida quando entrassem, com força, escravos de Angola.

A contradição se afigura, á primeira vista, colossal; mas se apreciar-mos o proceder do bispo Las Casas e do padre Antônio Vieira á luz das idéias do seu tempo, e se o compararmos com outras manifestações de personalidades igualmente cristãs, veremos que nada tem de extraordinário.



( na cidade de Paraiba do Sul, esta ponte com a sua beleza resiste ao tempo. Foi construída no período da escravidão - toda ela feita por escravos)



( A escravidão Africana no Brasil Cap. I -pg.16
Evaristo de Moraes)